Visando a retomada do movimento de luta histórico dos servidores públicos do Estado, diferentes lideranças, entre elas a Assojubs, e trabalhadores de variadas categorias estiveram presentes na tarde desta terça-feira, 24 de março, no Auditório André Franco Montoro da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
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A retomada do movimento histórico dos servidores públicos do Estado foi o foco da mobilização na Alesp
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Por iniciativa da Fespesp (Federação das Entidades de servidores públicos do Estado de São Paulo), a discussão teve como foco unir forças contra o nefasto Decreto nº 61.132, proposto pelo governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), em 25 de fevereiro, "que dispõe sobre medidas de redução de despesas com pessoal e encargos sociais, na forma que especifica".
Tal Decreto, em seu Artigo 2º, versa sobre a suspensão, neste ano (2015), da "possibilidade de ajuste de percentual, valor, índice ou quantidade, que altere o valor de vantagens pecuniárias de qualquer natureza e resulte em aumento de despesas com pessoal e encargos sociais, exceto daquelas decorrentes de vantagens por tempo de serviço ou evolução funcional".
Ou seja, a medida apresentada pelo Executivo, e que ainda será alvo de apreciação da Alesp, proíbe a reposição salarial do funcionalismo. Mas, de imediato, o decreto conflita com a determinação da Lei Estadual nº 12.391, de 23 de maio de 2006, que dispõe sobre a revisão anual da remuneração dos servidores público da administração direta e das autarquias do Estado.
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Diferentes lideranças e trabalhadores de variadas categorias estiveram presentes
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O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL), presente à mobilização dos servidores, informou que, na sequência da divulgação do Decreto, fez contato com o Governo argumentando que seu teor fere a Constituição Federal em seu Artigo 37, inciso X: "a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices".
A resposta do Governo ao questionamento do parlamentar foi que o Decreto impede o aumento de gratificações e abonos (vantagens pecuniárias) e não interfere na data-base do funcionalismo, garantida pela Lei nº 12.391, de 23 de maio de 2006, Artigo 1º, que fixa o dia 1 de março de cada ano para fins de revisão da remuneração dos servidores públicos.
Mesmo com a explicação do Executivo, Giannazi encaminhou o Projeto de Decreto Legislativo nº 4, de 2015, a fim de suspender os efeitos do Artigo 2º do Decreto nº 61.132. Para o deputado, que é professor da rede pública estadual, "não se deve baixar a guarda, pois se o funcionalismo deixar barato a medida, abrirá um precedente para o arrocho salarial".
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O presidente da Assojubs, Alexandre dos Santos, faz sua colocação durante a discussão na Casa das Leis
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A participação de representantes de diversos segmentos do serviço público na Alesp "é fundamental para mostrar que os trabalhadores estão mobilizados contra quaisquer tentativas de redução salarial", defendeu o deputado. O "pontapé inicial" do movimento em defesa do serviço público tem como objetivo fazer frente ao "pacote de maldades" que o Governo pretende impor, inclusive, contra a demissão em massa nas diversas autarquias.
Assojubs e Sintrajus presentes
Com bem colocado pelo presidente da Assojubs, Alexandre dos Santos, o absurdo proposto pelo Executivo é a clara divisão de classes, pois se o objetivo é o corte de gastos, o exemplo deveria vir de cima: "Para enxugar a máquina, o governador apresenta um decreto para reduzir despesas, mas que só é válido para os trabalhadores, pois os salários dele e de seus secretários tiveram majoração, assinada por ele próprio".
O presidente da Assojubs ressaltou a luta constante dos representantes e servidores pela aprovação dos projetos de interesse da categoria que tramitam na Casa, o apoio à greve dos professores estaduais, uma classe totalmente desvalorizada, e novamente destacou o corporativismo da magistratura em face aos judiciários, cujo dinheiro aparece rapidamente quando diz respeito ao pagamento do que é devido aos juízes e desembargadores.
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Michel Iorio Gonçalves, coordenador do Sintrajus, em sua explanação contra os ataques ao funcionalismo
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Michel Iorio Gonçalves, coordenador do Sintrajus, em sua explanação lembrou que os trabalhadores do Judiciário estão há mais de 20 anos sem aumento real, apenas recebem a reposição das perdas inflacionário do ano. E até nesse direito querem mexer. "O pagamento da data-base nada mais é do que uma obrigação prevista em lei. E agora querem retirar isso de nós, sendo que nem seremos contemplados com isso, pois o percentual que virá será abaixo do índice registrado".
A Assojubs também foi representada na discussão por Luiz Milito, vice-presidente, Rosângela dos Santos, secretária geral, e Silvio Realle, diretor de Tesouraria.
Mobilização junto aos deputados
Por deliberação da Assembleia Estadual da categoria, realizada em 27 de fevereiro, muitos oficiais de justiça e assistentes sociais e psicólogos percorreram os gabinetes dos deputados, principalmente os da base aliada do governo, em busca de apoio para a aprovação dos Projetos de Lei Complementar (PLCs) de interesse dos servidores que tramitam na Alesp: 06/2013 (dispõe sobre a criação de cargos de assistente social e psicólogo); 30/2013 (dispõe sobre os vencimentos dos servidores integrantes das classes regidas pela Lei Complementar nº 1.111/2010); 56/2013 (dispõe sobre o requisito de ingresso no cargo de oficial de justiça, nível superior, e altera dispositivos na Lei Complementar nº 1.111/2010); 42/2013 (acrescenta dispositivo na Lei Complementar nº 1.111/2010 considerando licença saúde até 45 dias por ano e as ausências em virtude de consulta ou sessão de tratamento de saúde, nos termos da Lei Complementar n° 1.041/2008, falta médica, como de efetivo exercício para fins de progressão).
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Os assistentes sociais, psicólogos e oficiais se justiça ocuparam as galerias do Plenário Juscelino Kubitschek
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Há também os Projetos de lei: 335/12 (proíbe a guarda e o armazenamento de armas e munições referentes a processos judiciais no interior dos prédios dos fóruns no Estado) e 740/11 (dispõe de prazo indeterminado para os servidores públicos estaduais requererem a inscrição de seus agregados como contribuintes do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual - Iamspe).
Pressão pela aprovação dos projetos
Ao final da discussão, os servidores e representantes do judiciário se dirigiram ao Plenário Juscelino Kubitschek para acompanhar a ordem do dia de votação da Casa. Munidos de faixas e cartazes, os assistentes sociais, psicólogos e oficiais se justiça ocuparam as galerias fazendo um apelo, em coro, aos deputados para a aprovação dos projetos. Mas nenhum dos PLCs foi inserido na pauta.
Uma nova mobilização na Assembleia Legislativa ficou marcada para 14 de abril, também às 14 horas.