Já teve início a pesquisa de campo em razão do estudo sobre a saúde dos trabalhadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, uma iniciativa do grupo de entidades representativas formado pela Assojubs, AASPTJ-SP, Assojuris e Affocos. E esse estudo foi realizado na Comarca de Santos entre os dias 18 e 21 de setembro.

Nessa fase da pesquisa de campo, Agda Aparecida Delía, socióloga e pesquisadora especializada em saúde do trabalhador, vem fazendo entrevistas com escreventes, oficiais de justiça, agentes judiciários, assistentes sociais e psicólogos no intuito de acompanhar os distintos universos dos servidores.

Ao todo, serão sete as comarcas alvo do estudo. Além de Santos, fazem parte da rota de Delía Jales, Sorocaba, São José do Rio Preto, Teodoro Sampaio, Carapicuíba e São Paulo (Capital). A metodologia empregada pela socióloga e pesquisadora é a qualitativa e a identidade dos entrevistados é mantida em total sigilo, conhecida apenas por ela.

Agda Aparecida Delía, socióloga e pesquisadora especializada em saúde do trabalhador

A pesquisa abrange dados sobre a infraestrutura, carga de trabalho e a proximidade das relações, bem como as opções culturais e de entretenimento que o trabalhador dispõe em suas horas de lazer, entre outras informações. A conversa com o servidor, segundo Delia, busca conhecer tudo que está relacionado às situações da vida profissional e pessoal deles.

Do serviço público, principalmente no Judiciário, a visão geral não é animadora, pois trata-se de um setor que não acompanhou a evolução, seguindo com espaços físicos precários e predominância burocrática. O trabalho pelas comarcas é bem parecido, de acordo com a socióloga, havendo mudanças nos ambientes e na dinâmica das cidades.

Muitas vezes as situações desgastantes no cotidiano profissional podem ser determinantes para o adoecimento ou contribuem para que ele se manifeste: relações entre chefes e subordinados, jornadas extensas, volume de trabalho, grau de responsabilidade com as tarefas, cumprimento de prazos, ritmo de trabalho, desvios de função, falta de pessoal, defasagem salarial, falta de perspectivas de carreira.

A pesquisadora conversa com o diretor de Comunicação da Assojubs, José Carlos de Almeida

É na busca por respostas que se dá o estudo. E para Delia, o resultado deve ser usado como um instrumento político, não somente de avaliação de perfil, mas um conteúdo que suscite a discussão, para que haja conhecimento e que as entidades possam utilizá-lo para mudar esse cenário.

A pretensão da socióloga é que o estudo se torne uma plataforma de luta. E que se faça uma devolutiva aos servidores, entrevistados ou não, servindo de fonte de informações sobre a situação, que pode não estar acontecendo com o que ler a conclusão, mas, sim, com seu colega.