31/03/09

Desemprego cresce pelo segundo mês

Em fevereiro, a taxa de desemprego apurada para o conjunto de regiões que compõem o Sistema PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) foi de 13,9%, contra 13,1% em janeiro. Apesar de esperado, o crescimento foi o maior já verificado no período em toda a série, ainda que a taxa de fevereiro seja a menor para o mês, desde 1998. Em janeiro de 2008, a taxa de desemprego correspondia a 14,5%. A pesquisa é realizada em cinco regiões metropolitanas (São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre) e no Distrito Federal através do convênio entre o DIEESE e a Fundação Seade, com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego e parceria com instituições e governos regionais.

O total de desempregados nas seis regiões pesquisadas correspondeu a 2.756 mil pessoas, 136 mil a mais que em janeiro. Este crescimento foi determinado pelo fechamento de 229 mil postos no período, e só não foi ainda maior, pois, como normalmente ocorre nesta época, a População Economicamente Ativa diminuiu em 94 mil pessoas. O contingente de ocupados ficou em 17.107 mil pessoas. Na comparação com fevereiro de 2008, os dados são positivos, uma vez que atualmente existem 276 mil pessoas a mais trabalhando e o número de desempregados reduziu-se em 93 mil.

O recuo de 1,3% no nível de ocupação em fevereiro resultou da desativação de postos de trabalho em todos os setores. Em números absolutos, a maior retração ocorreu nos Serviços (88 mil postos a menos), e o setor totalizou 9.255 mil ocupados. No entanto, a redução, em termos relativos, foi muito mais expressiva na Indústria (-2,9%) e na Construção Civil (-2,7%). No caso da Indústria, verifica-se diminuição no número de vagas também na comparação com fevereiro de 2008. O total de ocupados no setor é de 2.601 mil pessoas, 27 mil (ou -1,0%) que no ano passado.

O fechamento de postos de trabalho ocorreu para os assalariados (-156 mil), em especial no setor privado (-161mil), pois no público foram gerados 7 mil empregos. Além disso, tanto assalariados com vínculo formal (-89 mil) como os sem carteira assinada (-71 mil) perderam seus empregos. Em 12 meses, porém, o setor privado ainda registra um saldo de 392 mil empregados a mais. Este saldo é ainda maior (479 mil) para os assalariados com carteira, pois houve redução no contingente daqueles sem vínculo formal (-86 mil).

Com relação aos rendimentos, em janeiro o valor médio real recebido pelos ocupados manteve-se relativamente estável (0,2%), correspondendo a R$ 1.193. O salário médio continuou igual ao do mês anterior, em R$ 1.255. Em doze meses o rendimento médio real apresenta crescimento de 3,6%.

Comportamento das regiões
Em fevereiro, cinco das seis regiões onde a PED é realizada registraram aumento na taxa de desemprego. A única exceção foi Salvador, onde a houve estabilidade em 19,4%. Na comparação com fevereiro de 2008, ocorreu um recuo de 7,2%. O maior crescimento na taxa de um mês para outro (de 8,0%) foi apurado na Grande São Paulo, onde ficou em 13,5%; em relação há um ano, houve uma pequena retração no desemprego (-0,7%). Apesar de apresentar a menor taxa em fevereiro - de 9,4% - a região metropolitana de Belo Horizonte teve o segundo maior avanço, com um crescimento de 6,8%. No entanto, em relação a fevereiro do ano passado esta região apresentou o maior recuo na taxa de desemprego (-17,5%). Em Recife, a taxa de desemprego aumentou 4,4% em fevereiro e correspondeu a 19,1%; a região é a única a mostrar elevação no desemprego em 12 meses (1,1%). Em Porto Alegre o incremento de 4,0% na taxa de desemprego resultou de sua elevação para 14,4%, frente à registrada em janeiro, enquanto em relação a fevereiro do ano passado o recuo ficou em 8,0%. A taxa de desemprego no Distrito Federal subiu 3,8%, chegando a 16,3%, em fevereiro, ao passo que em na comparação com igual mês em 2008, a redução foi de 7,4%.

Apenas Salvador apresentou relativa estabilidade no nível de ocupação em fevereiro (-0,1%). Em todas as demais houve retração: São Paulo (-2,0%), Recife (-1,1%), Distrito Federal (-0,8%), Belo Horizonte (-0,6%) e Porto Alegre (-0,5%). Em relação a fevereiro de 2008, o nível de ocupação cresceu em praticamente todas as regiões pesquisadas: 5,3%, em Recife; 3,8%, no Distrito Federal; 3,0%, em Porto Alegre; 2,3%, em Belo Horizonte e 0,7%, em São Paulo. Em Salvador, o nível de ocupação permaneceu em relativa estabilidade (-0,1%).

O comportamento do rendimento médio real dos ocupados em janeiro, comparado com dezembro, mostrou crescimento em três regiões: Recife (1,2%, onde passou a valer R$ 756); Porto Alegre (0,9%, R$ 1.175) e São Paulo (0,8%, R$ 1.229). No Distrito Federal, houve relativa estabilidade (+ 0,3%, R$ 1.827) e diminuiu em Belo Horizonte (-1,7%, R$ 1.172) e Salvador (- 1,6%, R$ 964). Em 12 meses, todas as regiões apresentaram variação positiva: 8,4%, em Belo Horizonte; 7,2%, no Distrito Federal; 6,3%, em Recife; 3,8%, em Porto Alegre; 2,2%, em Salvador; e 1,5%, em São Paulo.

Fonte: Dieese - www.dieese.org.br
Divulgado em março de 2009