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20/06/11

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Noções Básicas de Economia
Emílio Gennari e as formas de se alinhavar
um pensamento a respeito de economia

No sábado, dia 18 de junho, a Assojubs promoveu em sua sede santista o curso "Noções Básicas de Economia", parte do Ciclo de Palestras, Debates e Estudos proferido pelo cientista social Emílio Gennari. Realizado no Auditório da associação, o curso teve em sua abertura a apresentação do Coral Assojubs.

Graduado em Teologia com Pós-Graduação em Ciências Sociais pela Unicamp, Emilio Gennari é educador popular há mais de 22 anos e membro do Núcleo de Educação Popular 13 de Maio. Sindicalista, foi assessor em vários sindicatos de trabalhadores e atualmente é escritor e organizador/coordenador de cursos de Formação Sindical.

O palestrante, de forma bastante interativa, começou questionando os presentes sobre suas considerações pessoais em relação ao Brasil, um "pontapé inicial" para traçar o panorama sobre as práticas econômicas utilizadas pelo atual governo e desvendar as formas de como funcionam o mercado e as contradições geradas por seus mecanismos.

Entre os questionamentos dos participantes, Gennari abordou a atuação da grande mídia, que manipula os reais problemas sociais e econômicos e inverte situações, criando estereótipos de acordo com seus interesses empresariais e políticos, como faz, por exemplo, com os servidores públicos, os quais, através da malhação rotineira dos meios de comunicação, receberam a pecha de classe que "trabalha pouco e ganha muito".

Gennari explicou que não existe "opinião pública" e sim "opinião que se publica". Ou seja, os grandes veículos de comunicação "fazem a cabeça da população", defendendo os interesses econômicos do seu setor (ou sua classe), o que gera informação superficial, alienante, voltada para os interesses da elite, e os trabalhadores, por falta de consciência de classe, acabam reproduzindo essa "desinformação".

Foi o que aconteceu na greve do judiciário de 2010 - e o que ocorre em movimentos de outras classes de trabalhadores - quando a grande mídia relata somente os problemas ocasionados com a paralisação das atividades, rotulando essa paralisação como "prejuízo à população", sem mostrar a real situação enfrentada pelos servidores, seja nos cartórios com a falta de condições de trabalho ou nas ruas, enfrentando a violência para cumprir seu serviço.

Os prejuízos causados à população ao longo dos anos em função da perda de qualidade dos serviços públicos não aparecem, apenas os efeitos da greve. Os meios de comunicação transformam as classes trabalhadoras que lutam por seus direitos em vilãs, colocando a população contra seus atos, que nada mais são do que a defesa de salários dignos e condições decentes de trabalho e atendimento à população.

Gennari alertou que a única forma de vencer essa barreira criada propositalmente é divulgar a opinião dos trabalhadores, seja de qual forma for. E hoje, com a Internet e suas diferentes ferramentas, como blogs e redes sociais, é mais fácil se fazer "ouvir".

Outro ponto debatido entre os esclarecimentos acerca da economia do país foi sobre a formação ética do indivíduo, cada vez mais preocupado somente com a ascensão social e visibilidade material, características do capitalismo cada vez mais selvagem.

Para Gennari, o consumo virou sinônimo de valorização pessoal. E na corrida pelo status, para que seus bens não se tornem ultrapassados ou "fora de moda" em relação ao dos colegas, as pessoas deixaram de se preocupar com o valor e a importância de seu trabalho e de seus companheiros, transformando-se apenas em máquinas de "fazer dinheiro" e consumidores insaciáveis, tudo de acordo com a lógica do sistema capitalista, que se aproveita e explora ainda mais o profissional estipulando metas de produção cada vez maiores.

Como em "economia não há espaço para sentimentos e valores", segundo explicou o palestrante, os trabalhadores ao aceitarem as imposições do patrão desaprendem a dizer não, pois pensam que fazer oposição ao patrão pode lhe custar o emprego e, consequentemente, a perda do consumo, tão exacerbado nos últimos tempos.

O receio de ser substituído faz com que o trabalhador seja condicionado a não perder tempo, a não deixar de produzir, o que eliminou intervalos de descanso e fez surgir doenças como LER (Lesão por Esforço Repetitivo), sem falar na depressão ocasionada pelas pressões no ambiente de trabalho.

De acordo com Gennari, o bem mais precioso de uma pessoa é a sua força de trabalho. Por isso o sistema capitalista aposta na redução do valor desse trabalho, o que significa reduzir custos de produção e aumentar o lucro dentro da nova lógica econômica voraz e quantitativa.

A primeira etapa do curso discorreu sobre as formas de se alinhavar um pensamento a respeito de economia, como se forma valor e preço nas mercadorias, os custos de produção, os salários e a obtenção do lucro por parte do capitalista, que só ocorre em cima do trabalho humano por maior que seja o nível tecnológico empregado.

No período vespertino, o palestrante organizou uma dinâmica de grupo, desenvolvendo uma atividade que exemplifica como até algumas reivindicações da classe trabalhadora - por exemplo plano de saúde contratado pelos patrões ao invés de pagamento de auxílio saúde, cursos de capacitação, espaços de recreação e lazer fornecidos pelo empregador - podem ser revertidas em benefício das empresas, mostrando mais uma vez a desigualdade e as contradições do sistema capitalista.



























































































































































































































































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