16/09/09

Serra dá uma força para Bellocchi

Em entrevista, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), afirma que os judiciários ganham “o dobro” dos outros servidores e que “a greve é proibida”.

Desde o inicio da Campanha Salarial a Assojubs vem afirmando que a articulação política entre o governador, o presidente do TJ, Roberto Vallim Bellochi, e a bancada governista (PSDB, PPS, PTB, DEM, PMDB, PDT, PSB, PV, PP) é a responsável pelas dificuldades que os judiciários encontram para que seu direito à reposição salarial seja respeitado.

Em visita à Sorocaba, no dia 4 de setembro, Serra explicitou sua visão sobre os servidores do judiciário em uma entrevista ao vivo para um programa jornalístico da emissora local afiliada à Rede Globo.

O apresentador do programa questiona o governador sobre a situação dos servidores que estão com a data-base vencida desde março e “prestes a iniciar uma greve” em outubro.

Serra responde que precisa analisar a situação, porém, afirma que, “no geral, a categoria dos servidores do judiciário ganha o dobro da média do resto do funcionalismo”. Em relação a uma possível paralisação, o governador tucano diz que “em todo caso a solução não é a greve, até porque ela é proibida”.

O vídeo da entrevista está disponível na internet no link:
http://www.temmais.com/noticia_int.aspx?id=19450&area=1

(Ao acessar a página, é necessário clicar no local indicado para assistir ao vídeo)

A entrevista é longa, tem 17 minutos e 24 segundos, e a parte em que Serra fala dos judiciários se inicia a partir dos seis minutos. Todos os judiciários devem assistir para ter plena certeza do que pensa Serra sobre os servidores.

Cinismo
Apesar de querer se defender ao argumentar que os judiciários ganham o dobro, Serra nada mais faz do que reconhecer o péssimo salário pago a todo o funcionalismo de São Paulo, pois se os judiciários - que estão com a data-base vencida desde março, com uma defasagem salarial de 14,69% e que sequer possuem Plano de Cargos e Salários –, segundo suas palavras, “ganham o dobro do resto do funcionalismo”, realmente a situação dos companheiros das outras categorias do Estado deve ser trágica.

Para completar, Serra demonstra todo o seu autoritarismo ao dizer que a greve é proibida. No mínimo, desconhece a lei o governador do Estado. Na prática, trata-se de uma postura intimidatória e reveladora de mais um membro do PSDB que adora declamar sua história de perseguido político pela Ditadura Militar, mas que ao chegar ao poder age de forma tão ou mais truculenta que os militares em relação aos movimentos sindicais e sociais. Basta lembrar o que Serra mandou a polícia fazer na USP contra os estudantes e o confronto da PM com os policiais civis em greve, em 2008, na tentativa de impedir que a manifestação chegasse ao Palácio dos Bandeirantes.

Essa é a dura realidade que enfrentamos. Uma forte articulação entre Executivo, Legislativo e Judiciário para levar adiante uma política de Estado baseada no arrocho salarial do funcionalismo e na entrega ao capital privado de fatias do Estado sob a forma de terceirizações e privatizações, como feita recentemente com a terceirização da saúde pública do Estado de São Paulo.

Clique aqui para assistir o vídeo da entrevista de José Serra
(Ao acessar a página, é necessário clicar no local indicado para assistir ao vídeo)