16/07/10

Resposta à nota divulgada pelo TJ sobre o
ataque da PM aos servidores (07/07)

Intransigência, inverdades e covardia

PM, a mando do TJ, atacou servidores na Praça João Mendes. No local havia crianças, filhos de servidores que iniciaram o período de férias e estavam junto com suas mães e pais.

Não bastasse o Tribunal de Justiça não cumprir a lei e seguir aplicando arrocho salarial e calote sobre os servidores; não bastasse o TJ seguir negando o pagamento da defasagem salarial, priorizando continuar pagando verbas milionárias de indenizações para juízes e desembargadores; não bastasse as mentiras para justificar a intransigência, o autoritarismo, a falta de transparência na execução orçamentária; não bastasse a mentira contada durante a ocupação do Fórum João Mendes, quando o TJ cinicamente afirmou que garantiu água aos servidores e mandou retirar os bebedouros de água potável; não bastasse a covardia da direção do TJ perante o governo Serra e seus asseclas (Marrey, Goldman), calando-se mansamente diante de mais um corte de verbas feito pela dinastia tucana; não bastasse tudo isso, agora o TJ resolveu escancarar de vez a covardia e o quanto mente, primeiro, fazendo vistas grossas a uma agressão sem precedentes contra os servidores, inclusive mulheres e crianças, segundo, mentindo descaradamente em nota pública divulgada em seu site e difundida na imprensa.

Aliás, a nota só serviu para respaldar o interesse dessa direção nas consequências dessa ação, a qual consideramos premeditada e covarde.

A covardia é e sempre foi a arma dos fracos e dos autoritários.

No entanto, é necessário responder a essa agressão. E os servidores certamente encontrarão o caminho certo para isso. Mas também é necessário responder, ponto por ponto, a nota assinada pela assessoria de imprensa.

Vale lembrar também que pessoas que trabalham no quadro dos servidores, e recebem salários como nós, fazem parte dessa assessoria.

Infelizmente há pessoas que vendem o corpo para se sustentar, um problema social tão antigo quanto a humanidade, mas essas merecem nossa compreensão. No entanto há pessoas que vendem suas consciências para se sustentar, essas, sequer, merecem nosso respeito, ao contrário, merecem nosso escárnio, e isso ainda é pouco.

Em relação à versão inverídica temos a explicar:

A presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em razão do incidente ocorrido hoje (7/7), na Praça João Mendes, informa que:

1) Por volta das 16 horas, quando a assembleia dos servidores do Poder Judiciário terminou, parte dos manifestantes formou um cordão humano com a tentativa de isolar o prédio e impedir a entrada das pessoas;

O abraço simbólico ao Fórum não impediu a passagem de pessoas. A maior prova disso é que em vários vídeos à disposição no site youtube é possível ver que enquanto ocorre essa manifestação, o trânsito de pessoas passando pelo cordão de isolamento da PM é normal e contínuo.

2) Uma pessoa foi impedida de entrar e isso provocou a imediata reação da Polícia Militar que, desde a ocupação do prédio em 9 de junho, mantém policiamento ostensivo para a preservação da integridade física de servidores, advogados e público em geral;

A ação da PM começa quando inexplicavelmente um oficial tenta agarrar pelo colarinho um servidor que participava do abraço simbólico. Outros servidores o acodem e conseguem solta-lo do policial. A reação imediata da polícia é agredir indistintamente os servidores.

3) Além da atuação da PM, também desde a ocupação, por meio da segurança patrimonial, o TJSP efetua rigoroso controle de acesso de servidores e público em geral para preservação da ordem e proteção do patrimônio público;

O rigoroso controle de acesso do TJ na verdade atenta contra o direito constitucional de todo cidadão, e o servidor, antes de tudo, é um cidadão. E o cidadão, servidor e grevista vem sendo impedindo de entrar no edifício mesmo que individualmente. Aliás, isso configura preconceito e discriminação e deve ser denunciado legalmente por todos enquanto ocorrer.

4) O conflito teve início com uma pedrada desferida contra a cabeça de um oficial da Polícia Militar. Diante da tentativa de contenção, houve reação dos manifestantes, formados por servidores grevistas e simpatizantes políticos;

Como dito acima, a motivação na versão do TJ é falsa. Alguns servidores testemunharam que realmente após o ataque da polícia e como tentativa de defesa, alguns objetos foram arremessados, entre eles garrafas plásticas. O auge da versão montada é a colocação de uma foto em que aparecem algumas pedras empilhadas sobre uma calçada, foto que pode ser tirada em qualquer lugar, constar em algum arquivo de obra, ou mesmo ser montada até por uma criança.
A única verdade é que nós, ao menos, temos simpatizantes, mas talvez não se possa dizer o mesmo dos mandatários do TJ...

5) Para a garantia da ordem, a Polícia Militar usou gás de pimenta e bombas de efeito moral, além de disparos com munições de borracha voltados para o alto;

Primeiro, foi justamente a ação da polícia que causou a confusão e o caos. Segundo, uma imagem vale mais que mil palavras. Basta ver a foto abaixo para saber que a versão é mentirosa. Pela versão do TJ, os servidores voam e no momento da ação da PM deveria haver uma revoada de servidores sobre a praça João Mendes.

6) Os resultados dessa tentativa de impedimento da entrada de servidores, advogados e público em geral foram uma advogada ferida (atendida inicialmente no ambulatório do fórum), viaturas danificadas e policiais militares com ferimentos;

A grande maioria de feridos pela ação da PM é formada por servidores. Isso está claro em todas as fotos e vídeos disponíveis. Repare que no texto da versão mentirosa do TJ, propositalmente, não há nenhuma citação a servidores feridos. Parece que Goebbels – mentor da propaganda nazifascista - deixou discípulos.

7) Os policiais militares e os manifestantes registraram boletim de ocorrência no 1º Distrito Policial;

Os servidores certamente registraram BO e farão também os devidos encaminhamentos legais, inclusive porque os policiais militares que participaram da ação, bem na porta do TJ, retiraram suas identificações da farda, o que é ilegal. O que o TJ vai fazer em relação a isso?

8) Mesmo com esse incidente, em nenhum momento o Fórum João Mendes Júnior ficou fechado para o atendimento ao público.

Como se em meio ao caos causado pela ação da PM, multidões quisessem enfrentar aquele inferno para entrar no prédio. Mas a frase revela a grande preocupação do TJ, que não é com os servidores, nem com os feridos e muito menos os filhos dos servidores que estavam na praça. A única preocupação do TJ é fingir que nada está acontecendo e que tudo funciona normalmente. Acredite...se quiser!

Importante ressaltar que hoje, antes do início da assembleia, assim como tem acontecido em todas as quartas-feiras, representantes do Tribunal de Justiça se reuniram com os representantes dos servidores do Poder Judiciário para mais uma tentativa de finalização do movimento grevista.

O que o TJ chama de tentativa nada mais é do que a repetição da mesma proposta, feita só com promessas, desde o início da greve e que não atende as reivindicações dos servidores. Sequer possuem garantias de que serão realizadas. Ou seja, mantém a intransigência e o descaso em relação aos servidores.