12/07/10

Juiz diretor da Comarca de Santos proíbe a entrada
de servidores grevistas no fórum local

Era para ser um dia de informes sobre a agressão gratuita promovida pela Polícia Militar a servidores durante a Assembleia Estadual da categoria, que gerou tumulto e violência na Praça João Mendes, na Capital. Mas terminou em protesto e confusão o trabalho de esclarecimentos realizado na quinta-feira, 08 de julho, por judiciários de Santos. O motivo foi a proibição da entrada de integrantes do movimento grevista ao Palácio da Justiça através de uma ordem dada pelo juiz diretor da Comarca, Ramon Mateo Júnior.

Visita às comarcas da Baixada Santista
Desde cedo a Assojubs e os componentes do Conselho de Representantes estiveram nas comarcas de Mongaguá, Itanhaém e Praia Grande explicando sobre a atitude da PM Paulistana em uma manifestação pacífica dos servidores ao encerramento da Assembleia Estadual na última quarta-feira (07), que terminou em selvageria por parte da corporação, deixando diversos judiciários e transeuntes feridos.


Em Santos também houve esse trabalho de esclarecimentos, iniciado na parte da manhã e que durou até o entardecer, inclusive com ato público na frente do Fórum Central, reunindo um bom número de servidores interessados em mais informações sobre o ocorrido.

Os presentes à agressão deram seus depoimentos sobre as cenas presenciadas na Praça João Mendes, cada qual com visões diferentes e detalhes acerca do episódio. A cada passagem contada, um novo apelo aos servidores que ainda não aderiram à paralisação, evidenciando o tratamento dispensado pelo Tribunal de Justiça à sua força de trabalho, pois foi determinação da Presidência do Órgão agir com tamanha brutalidade ao protesto organizado pela categoria: um abraço simbólico ao redor do Fórum João Mendes formando um cordão de isolamento que deveria durar um pequeno período, somente para demonstrar a indignação da classe perante o descaso do TJ.


Servidores indignados com a proibição
Prestes a encerrar o ato público, um dos servidores tentou entrar no prédio central quando foi impedido pela PM. Ao questionar a ação policial, recebeu em resposta ser ordem do juiz diretor da Comarca, que havia proibido a entrada de grevistas no local.

Indignado com o que acabara de presenciar, se dirigiu ao microfone e relatou a situação aos servidores ainda presentes ao ato, o que gerou uma grande revolta, pois trata-se de um prédio público, sendo permitido o trânsito que quaisquer pessoas desde que passe pelo detector de metal e esteja trajado adequadamente.


Na sequência do informado, os servidores se voltaram para a porta do fórum na tentativa de entrar no local e indagar Mateo Júnior pela atitude ditatorial, a exemplo da cúpula do TJ, que se esconde atrás do policiamento para cercear o direito de ir e vir da categoria. Nesse ínterim chegou o reforço da PM e a imprensa foi chamada para denunciar a arbitrariedade.

Em suas explicações, Mateo Júnior alegou ser uma medida tomada em precaução a uma possível fuga de presos durante sessão do Tribunal do Júri. Tal afirmação não foi aceita pela categoria, tendo em vista que julgamentos como esse ocorrem semanalmente e nunca foi impedida a entrada de quaisquer pessoas ao prédio.


A real situação, não explicitada pelo diretor do Fórum, foi uma retaliação ao protesto realizado por servidores na terça-feira, após a Assembleia Regional da categoria, que promoveram um apitaço/panelaço pelos corredores do local numa forma diferenciada de chamar os colegas que permanecem em serviço a aderirem ao movimento. Ao que parece, a manifestação não foi bem vista pela magistratura, observando-se a reação tida.

“É uma atitude arbitrária, pois somos cidadãos e temos direito a entrar no prédio seja para qual finalidade for, como verificar o andamento de ações ou ir ao banco”, declarou Hugo Coviello, secretário geral da Assojubs.

No caso, apenas um funcionário tentou adentrar ao fórum e não um grupo, sendo inviável a justificativa de manter a ordem, pois uma única pessoa não traria risco ou criaria a possibilidade de um novo protesto.

Assojubs solicita esclarecimento ao juiz diretor
A Assojubs, através de seu presidente, Alexandre dos Santos, solicitou ao juiz diretor uma reunião para esclarecer sobre o incidente. Ao ser recebido, o representante da associação foi informado que se tratava de uma medida preventiva cujo objetivo era garantir a segurança e ordem no local, retornando nesta segunda a permissão de entrada de todo e qualquer funcionário, seja ele grevista ou não.

Assista a matéria sobre o protesto - Jornal da Tribunal 1ª Edição de 09/07/10