04/03/11

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Colocando o bloco na rua
Dia de Eleições no TJ é marcado por protesto de servidores

O dia 3 de março, data em que o Tribunal de Justiça promoveu Eleições para a escolha dos cargos de presidente, vice-presidente e corregedor, foi marcado por um ato público dos servidores, à frente do Palácio da Justiça, na Capital, edifício sede do Judiciário Paulista, em protesto a mais uma data-base vencida (01/03) e os itens não cumpridos do acordo que colocou fim ao movimento grevista de 2010.


A manifestação também teve como alvo as recentes notícias veiculadas na mídia a respeito de uma denúncia, feita ao Ministério Público, sobre um suposto enriquecimento ilícito e tráfico de influência envolvendo o ex-presidente TJ, desembargador Antonio Carlos Viana Santos, morto em 26 de janeiro, aos 68 anos.

Juntamente com os servidores da Baixada Santista e da Capital (Comando da Base), o ato contou com a participação dos representantes da Assojubs - Alexandre dos Santos, presidente, Silvio Reale, tesoureiro, Hugo Coviello, secretário Geral, e Luiz Milito, diretor de Comunicação - e da AASPTJ-SP, Elisabeth Borgianni.


Entre as diversas manifestações da categoria, que acompanhou o desenrolar das Eleições no TJ, muita ironia à compra de um veículo modelo Porshe Cayenne pelo falecido Viana Santos e repassado a sua esposa, avaliado em R$ 340 mil, bem como o imóvel adquirido, nos Jardins,área nobre de São Paulo, no valor de R$ 1,4 milhão, dois itens do patrimônio do ex-presidente que são alvo da investigação do MP.

"Parabéns aos servidores aqui presentes, que se dispuseram a realizar o ato mesmo em um dia de trabalho, enfrentando a chuva e o frio, em uma demonstração de indignação contra os desmandos do Tribunal. Esse protesto é uma forma de dizer que a categoria está de olho em tudo que envolve o TJ e vai seguir cobrando seus diretos junto à Casa", ressaltou o presidente da Assojubs, Alexandre do Santos.


A recepção de boas-vindas organizada pelos servidores a José Roberto Bedran, que ficará no cargo de presidente até o fim do ano, quando se daria o fim do mandato de Viana Santos, teve apitos, buzinas, faixas e gritos de ordem, alguns lembrando que enquanto o TJ alega não ter como pagar aos servidores a reposição salarial devida, agora em torno de 23%, a magistratura segue recebendo verbas indenizatórias. Não obstante vir à tona a denúncia de enriquecimento ilícito do ex-presidente do Órgão, que num curto período, cerca de quatro meses, conseguiu comprar um apartamento de elevado valor. A situação é, no mínimo, estranha e digna de uma investigação detalhada.

"Esse ato é para reforçar ao desembargador Bedran, que hoje inicia sua gestão no Tribunal, de que não vamos aceitar ficar mais um ano sem reposição salarial", destacou Hugo Coviello, secretário geral da Assojubs.


Outro ponto lembrado durante o ato foi a discussão, que deve ser levada adiante, sobre a participação dos servidores na escolha para o comandante do Órgão. "Devemos lutar para que haja uma mudança na forma de eleger os representantes do Tribunal e possamos votar nas Eleições, pois são os servidores que levam o TJ nas costas, e nada mais justo do que ter direito à votação", defendeu Luiz Milito, diretor de Comunicação da Assojubs, recebendo total apoio dos companheiros presentes.

"Na medida do justo e possível, fiéis aliados na busca dos interesses comuns do pessoal do Judiciário"
Em relação aos servidores, Bedran, durante seu pronunciamento na solenidade de posse, já na parte da tarde desta quinta-feira, ao encerramento das Eleições no TJ, foi breve, e em poucas palavras frisou que os magistrados que compõem a nova cúpula do Tribunal irão procurar ser "na medida do justo e possível, fiéis aliados na busca dos interesses comuns do pessoal do Judiciário", não apresentando perspectivas à categoria.


Na sequência da posse, o desembargador conversou rapidamente com a imprensa de algumas entidades e os representantes da Assojubs e AASPTJ-SP. Bedran disse que irá se esforçar para "obter o que é de direito para os servidores".

O magistrado também explicou que não aceitou o pedido de audiência com as entidades para evitar o contato antes de assumir o posto. Mas, agora, já empossado, irá ouvir os representantes e conversará com o governador para "reivindicar o interesse comum do Judiciário e isso se incluem os servidores".

Como se deu a votação
Iniciada as Eleições às 9 horas, na parte da manhã, José Roberto Bedran foi escolhido o novo presidente do TJ, com 288 votos, e Maurício da Costa Vidigal eleito, com 196 votos, o corregedor geral de Justiça.

Já o cargo de vice-presidente teve segundo escrutínio, sendo finalizada a eleição no período vespertino. O escolhido, com 128 votos, foi José Santana.